Os murais

Recorte da parede feita na casa de praia. Base em spray e detalhes em acrílica. A parede texturizada não facilita a pintura com pincel, então dei muitas batidinhas com o pincel revezando com a pinceladas.

Fazia tempo que eu não pintava um muralzão. Muralzão pra mim é qualquer formato maior que um A3 (29,7 x 42 cm). Obs: Eu brinco muito, você vai se acostumar. Bem, fazia tempo. Eu comecei com esta história de pintar formatos maiores em meados de 2012. Honestamente, é mais hobby do que qualquer outra coisa, mas as pessoas gostam quando faço e tem gente que quer pagar por isso. Eu aceito quando não envolve risco de vida, tipo pintar a lateral de um prédio. Tenho medo de altura, comportamento este adquirido com a idade. Quando Werther vai na varanda aqui de casa meu ímpeto é gritar, “saí daí que é alto!!”, mas não falo nada porque quero recuperar minha coragem para alturas então só espremo meus os olhos aflitivos. Ele não sabe que eu penso isso (rs). Só irá saber se ler esse texto.

Foto mais ampla da parede. Ela tinha 2 metros de largura por 3 de altura. Se resolvia com uma escada, sem maiores riscos de queda e possível fratura exposta.

De forma que fui há alguns finais de semana ao playground para assuntos muralísticos. A casa de praia. Comprei 6 latinhas de tinta spray da marca Colorgin – Arte Urbana, levei de casa minha tintas acrílicas e alguns pincéis. Gosto de usar spray Montana também que é uma marca gringa que custa um rim ou dois. Qual tinta eu prefiro? Gosto das duas. Ambas entopem o cap (o bico que você aperta pra sair tinta), ambas tem cores bacanas e ambas deixam meu dedo podre de cansado depois de um tempo. Sobre os caps, compro vários da marca Montana no caso de algum falhar e vou trocando. E porque a tinta acrílica? Porque gosto de fazer detalhes na pintura e a brutalidade do spray não me permite. Tem gente que consegue fazer traços super finos, mas como meu dedo sedentário fica exausto depois de um tempo, o traço fino vai pras cucuias. 🙂

Essa aí sou eu, pessoa iluminada com 3 feixes de luz na cabeça. Bom sinal. Tentei fazer uma pose legal e como sempre, tal objetivo nunca é alcançado. Não importa. O que importa é fazer o que se gosta, sempre que possível.

Então lá fui eu com as 6 cores, coisa rara pras paletas de cores que costumo montar que são caóticas. E feita a base, vim com a acrílica por cima detalhando. Esse muro é bem texturizado e o mantive assim de propósito já pensando em um possível novo trabalho. Vamos ver.

Uma confissão. Sou super travada com platéia. Peraí, você já sabe disso. Já te contei. E por ter essa vergonha, devo ter pintado 1 ou 2 vezes na rua, quando alguém passa e eu estou ilustrando sou capaz de sair correndo e tenho pavor daqueles convites para pintar ao vivo em algum lugar. NÃÃÃÃÃO!!!!! Parabéns pra quem consegue. Não te conheço, mas já te admiro! A verdade é que me sinto mais a vontade sem público, sem alguém atrás de mim dando baforadas no meu cangote. Posso errar, mudar de idéia, apagar, fazer de novo e levar uma vida fazendo. Não sou uma pessoa veloz, sabe? “Olha só, olha só, faço a Monalisa em 30 segundos!!”

Levo tempo, penso muito, me distraio com uma mosca e a Monalisa sai em 30 minutos. O que me faz lembrar o quanto eu melhorei minha ilustração depois que eu parei de trabalhar em grandes empresas. Sinto falta de ter gente por perto, mas não agarrada no meu pescoço de olho em cada rabisco que eu dou. Você sabe, o processo para se chegar a algo lindo é bem feio e caótico e ter gente de butuca esperando que você descubra a pólvora é barra. Pra mim, pelo menos.

Me lembrei de um curso de verão que fiz com Panmela Castro, grafiteira carioca impressionante e talentosa. Ela vivia me dizendo para acelerar. Acelera, acelera, grafitar na rua não é mole. Fora isso ela falava pra eu cuidar do meu amor próprio e trabalhar a confiança. Ela tinha razão. Entrei para fazer um muro e saí me amando um tico mais. A arte salva!

Foto tirada da minha mesa de apoio. Ficava bem ao lado do mural. Nela tem tudo. Tinta acrílica, água suja e repelente (item mais importante deste grupo).

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