O que é a vida? Me pergunto isso diariamente e você vai se acostumar comigo te fazendo essa pergunta, eventualmente. Conheço muitas pessoas talentosas, mas seus talentos estão guardados na rotina, na vida privada, em uma roda de amigos, no compromisso com a conta de luz, na falta de sorte, na falta de tempo. O melhor frango que eu já comi não é famoso e não custou R$ 300,00 reais. Uma das vozes mais lindas que eu já escutei não está nos palcos fazendo shows. Van Gogh se suicidou sem saber que era bom no que fazia e que seria precursor de algo. A vida é besta, simples, feita de pequenas e repetidas ações diárias com um toque de criatividade e sorte. É nesse mais do mesmo de todo dia que a passagem do tempo gosta de descansar. Então, se você conseguir encontrar beleza no cotidiano, vai ser limão com açúcar.
A rotina é fascinante, ou deveria ser. Dia desses perguntei a uma amiga sobre as novidades. Ela se mudou para outro país para levar uma vida oposta ao que ela conhecia até então. Acho que o mundo cobra desse tipo de pessoa grandes feitos. São muitas as expectativas sobre vivenciar algo próximo a “descoberta da pólvora”. Bem, não sei quanto à descoberta da pólvora, já que estava mais interessada em saber sobre a temperatura da água no banho que ela tomava, ou melhor, se ela estava conseguindo tomar banho, a quantas andava o cabelo cacheado na privação das gororobas que passamos, se ela estava comendo e o que, sobre as árvores, sobre os novos amigos, sobre o vaso sanitário, sobre a solidão e o pôr do sol.
Toda a ilustração tem uma história. A Rotina, pra você.
Amei me descreveu por completo