Minha relev\u00e2ncia mora em 9m<\/strong>^{2<\/strong><\/sup>. Quando comecei a ilustrar as botas da Anne era nisso que eu pensava.<\/strong> Por tr\u00e1s desses p\u00e9s no ch\u00e3o e cabe\u00e7a nas nuvens moram muitas verdades escondidas.<\/p>\n\n\n\n}

E apesar dessa nuvem ser purpurina, sonhos, coragem, chocolate, abra\u00e7o e cafun\u00e9, ela tamb\u00e9m \u00e9 esconderijo. Nos meus 9m^{2<\/sup> me sinto grande e neles me escondo. Medo e\/ou timidez. Meu sorriso \u00e9 honesto, mas devo dizer que muitas vezes ele \u00e9 disfarce. N\u00e3o perdi aquela vergonha juvenil de mostrar um desenho no caderno. Voc\u00ea tamb\u00e9m \u00e9 assim? Acho fascinante quem senta na primeira fila de uma sala de aula e se arrisca a fazer uma pergunta. N\u00e3o \u00e9 fascinante?<\/p>\n\n\n\n}

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Dias desses fui em frente. Resolvi sair da nuvem e me inscrevi em uma experi\u00eancia de pintura ao ar livre. Que terror…. Te juro! (Estou rindo internamente das pessoas que me acham pimponamente extrovertida)<\/em> A proposta era ir ao S\u00edtio Burle Marx pintar o que quer que seja. Tema livre. Pessoas e suas pranchetas, tintas, pinc\u00e9is, canetas e etc. Todos se agruparam nos melhores pontos do parque em busca de uma vista bacana. Eu estava mais preocupada em achar uma caverna e ficar por l\u00e1. N\u00e3o queria a melhor vista, s\u00f3 queria n\u00e3o ser notada e avaliada. Queria ter a liberdade de fazer a pior aquarela da hist\u00f3ria e como fazer isso com aquela sensa\u00e7\u00e3o de que todos est\u00e3o te olhando? Passei 2 horas e meia enterrada no ponto mais solit\u00e1rio daquela floresta at\u00e9 que me cansei. Cansei da pedra em que eu estava sentada, cansei de esconder a ilustra\u00e7\u00e3o cada vez que uma formiga passava, cansei de deixar o pincel cair na terra e cansei da press\u00e3o que eu mesma criei em ter que fazer bonito.<\/p>\n\n\n\n

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Levantei, me juntei e sentei num dos tais pontos mais bacanas do parque. Me senti pelada, com frio, sem nuvem. Aquela sensa\u00e7\u00e3o de estar fazendo o n\u00famero dois com a porta do banheiro aberta e uma multid\u00e3o te olhando l\u00e1 fora. Que pesadelo… Mas essa era a ideia. Passar por isso era a ideia.<\/p>\n\n\n\n

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Escutei a voz do professor que organizou o pesadelo ao longe. Ele estava passando para ver o que cada aluno tinha feito. O por\u00e3o do fundo do po\u00e7o tem por\u00e3o. Cara, e ele me viu. N\u00e3o s\u00f3 me viu como sentou ao meu lado e me deu uma das melhores aulas da minha vida. Eu estava aprendendo a viver. Obrigada!!<\/p>\n\n\n\n